segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

It hurts so bad...

...to feel so good.
Eu acho que talvez seja a hora de começar a considerar a possibilidade de que nenhuma vitória é plena. Que, quando começamos a nos aproximar do que tanto buscamos, a sensação seja (in)justamente a de completo vazio. Afinal, estamos buscando o que? E, quando eu olho pra trás, o que foi que valeu a pena?

Vou tentar ilustrar um pouco esse monte de coisas abstratas e caóticas que estão passando pela minha cabeça nesse momento, realmente difícil.

As tentações. Não só no sentido religioso estigmatizado, mas em uma abrangência que vai do banal ao mais profundo nas nossas vidas. As tentações estão em coisas corriqueiras em que resistimos a elas com uma certa facilidade. Estão nos nossos pensamentos mais íntimos, naqueles em que a gente sente vergonha só de se dar conta que estamos pensando naquilo.

O porquê de nos inclinarmos na direção de recusar isso ou aquilo tem as mais diversas origens e a minha intenção agora não é me desdobrar nisso. O que está me tirando o sono é o maldito momento após a nossa resistência, ou seja, a nossa vitória. No momento em que se evidencia que fizemos o que achávamos que era 'certo', o que exatamente a gente sente nele? Felicidade?

Uma pessoa que passa dos 100 para os 50 quilos, por exemplo. Dá para, pelo menos imaginar, o tanto de força de vontade que foi exigida nesse contexto. Pode se especular que agora ela terá uma maior qualidade de vida, vai ser bem mais aceita socialmente. Mas e daí?

Enquanto batalhamos arduamente por alguma coisa, temos a certeza cega de que, quando chegarmos lá, a sensação será de completude. No entanto, depois que chegamos lá, vemos que o vazio é uma possibilidade de sensação bem plausível. Porque, no fim das contas, por que eu queria tanto essa merda mesmo?

Essa pergunta é tão difícil de ser respondida que costumamos ignorá-la. Só que você pode desprezar o quanto quiser que essa pergunta (assim como todas as outras questões existencialistas e insuportáveis) não te larga. E o desespero, ou pelo menos, o desamparo, aparece em algum momento. E agora, José?

Toda a nossa sensação de fortaleza, de ter ultrapassado os obstáculos e ter sido fiel aos nossos ideais começa a se transformar em frustração. Lá no fundo, será que o meu exemplo caricato está feliz com si mesmo? Aí é que está.

Talvez o emagrecimento dele seja o símbolo mais fiel de suas fraquezas. Talvez ele se sentisse muito mais realizado se tivesse se tornado capaz de ignorar todos os fatores que o impulsionavam a perder peso. Talvez isso nem seja possível. Talvez os seus ideais não sejam escolhas suas, pessoa determinada. Talvez eles possuam nas suas origens apenas a falta de lógica. Talvez eles te possuam.

E, caso ele fosse capaz de ignorar todos os fatores que o impulsionam a perder peso, talvez ele se lamentasse profundamente pela sua falta de força de vontade. A questão é: escolher uma conduta (ou qualquer outra coisa da vida) significa não escolher infinitas outras. E a grama do vizinho, vai ser sempre mais verde. Pior: escolher não é uma escolha.

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