sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A vida é filme...

Todo mundo diz que realidade é realidade e ficção é ficção. Que você não pode esperar que a sua vida seja como uma novela, que as coisas não acontecem tão facilmente assim. E eu sempre interpretei isso da pior forma possível: a vida é ingrata. Depois de uma decepção amorosa, você não vai ter dinheiro para viajar para superar o que aconteceu e o cara não vai aparecer no aeroporto dizendo que errou. Ou ainda, não vai aparecer um pretendente mais bonito ainda te oferecendo um recomeço. Acho que fui muito injusta com a vida real.

Quando uma pessoa vai contar sobre uma experiência do passado, ela, quase sempre, se desconecta do personagem da história que ela vai contar. A narração é em primeira pessoa, mas o olhar do narrador é de alguém que está de fora. A maneira como o ele se rotula e as explicações que ele dá para ter feito isso ou aquilo, entre entonações e expressões, visam deixar claro que quem está contando isso é agora outra pessoa.

Ora, isso é ficção. Quando eu usava maquiagem todos os dias e roupas apertadinhas, eu não pensava “eu faço isso porque me importo loucamente com a opinião dos outros e quero que eles gostem de mim”. Eu pensava “gosto de me arrumar”. No agora a gente não vê o porquê de estarmos fazendo isso ou aquilo. Eu não pensava que estava passando por uma fase de patricinha, eu pensava que aquilo era quem eu era.

Voltando para a questão levantada no início, eu digo novamente que toda a inverosimilhança das obras artísticas (sejam elas filmes, livros, espetáculos, pinturas, fotografias) está na técnica. Na verdade, é tudo real. A mágica da arte está na iluminação, na trilha sonora, no posicionamento certo. Tudo isso nos ajuda a ver que essa parte é o clímax, ou que esse é o ponto de fuga. Os elementos, no entanto, não mudam.

Somos capazes de ver razões óbvias para termos feito isso ou aquilo, conseguimos achar soluções elementares para um problema que a pessoa que o tem considera como impossível. Tudo parece tão fácil, quando não acontece agora com você, né? O nosso presente é muito embaralhado.

Pois então, o que se passa é que, talvez o pretendente gatinho que aparece oferecendo um recomeço para a mocinha, seja aquele indivíduo que você acha insuportável, que vive te ligando. Talvez tudo seja uma questão de mudar a iluminação, a trilha sonora e o posicionamento... e é claro que tudo isso está na nossa cabeça.

... eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente vive.

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